quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal com Kafka


Natal e Kafka, combinam?

Não sei, sinceramente. Mas fala a verdade, o que é que combina? Deve-se combinar alguma coisa? Natal lembra paz, saúde, esperança. Justamente o que os livros da Kafka não tem (isso IMHO). Não há paz, saúde física de vez em quando até tem, esperança, nunca. Ler Kafka é ter sempre aquela sensação de viver um pesadelo, onde você quer acordar e não consegue. E no fim, bem, c'est fini, quem leu sabe.

Para quem não conhece, eu certamente indico A Metamorfose, que foi o que mais me agradou; foi o primeiro das suas obras que eu li, e portanto me imepliu para ler as outras, tão formidáveis quanto essa, mas gosto não se discute: A Metamorfose para mim é a melhor!!, principalmente por causa do desfecho.

Toda essa minha babação não serviu de estímulo? Então aqui vai: Uma recente pesquisa, publicada na revista Psychological Science indica que a literatura do absurdo estimula o nosso cérebro. De acordo com minhas fontes [o site http://www.miller-mccune.com/news/this-is-your-brain-on-kafka-1474 (in english...)], "O homem está perpetuamente à procura de significado" (Viktor Frankl). E se um romance de absurdo, kafkaniano (sim, essa palavra existe, eu não a inventei) aparenta ser estranho, pelo menos ele garante que nossos cérebros se acendam e procurem intensamente um significado num padrão aparentemente invisível.



E isso é verdade. Como num filme de suspense ou terror (não que os livros de Kafka queiram assustar alguém, for God's sake!), você acaba interagindo mais com o que você assiste, por exemplo, do que um filme de época, ou de guerra, que você não pode fazer nada, pois já sabe que todo mundo vai levar bala. Os livros de Kafka levam você a pensar, a tentar desvendar o interior do personagem, e a saída de sua busca.

Bem, voltando ao tema inicial, passarei minha solitária noite de véspera de natal lendo Kafka, aprendendo Kafka, chingando Kafka, deslumbrando-me Kafka. Acho que os dois não combinam muito. Talvez eu devesse ler algum Zíbia Gasparetto, ou Agusto Cury, mais j'n'veux pas.


Tenha um livro ao seu alcançe, e jamais estará só, já me disseram. E,
just in passing, estando com Kafka, você estará bem acompanhado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário